quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vou-me Embora pra Pasárgada

Eu vou-me embora pra Pasárgada de Bandeira. Quero viver sem preocupações. Não quero mais saber de brigas entre “coronéis” e “cangaceiros”, “bispos” e “marinheiros”. Eu quero justiça, honestidade, saúde, sociedade. Saudade. Uma palavra tão nossa, mas de que adianta? Não há de que se ter saudade. Eu vou-me embora pra Pasárgada de Bandeira. Lá é outra civilização. Outra? Não sabia que tínhamos uma.

Antes um povo calado a um povo cego. O cálice de vinho, que nos era empurrado goela abaixo, tornou-se o acompanhamento preferido das pizzas do senado. E lá se vão às estradas, borrachos, não importa que alguém se esborrache e manche as ruas de sangue. Pai, afasta de nós esse cálice de vinho tinto de sangue que mancha a nossa história. Não, nenhuma lavagem de dinheiro tira essa sujeira. Eu vou-me embora pra Pasárgada de Bandeira.

Eu quero um lugar onde haja educação. Um lugar onde nenhuma gripe tire as crianças das escolas, seja gripe A, B, C ou D. Não importa, nosso povo não sabe a diferença entre cada letra. Vem, vamos embora que esperar não é saber. Vamos embora pra Pasárgada de Bandeira, porque esperar por causa de uma gripe, sem saber se adianta, não dará sabedoria aos nossos alunos.

Eu quero um lugar onde haja respeito, não haja divisões. Um lugar onde eu possa escolher a mulher que eu quero e tenha um processo seguro de impedir a concepção – o que evita abortos forçados. Um lugar onde eu tenha voz, que eu seja amigo do rei. Eu quero um lugar onde o meu país seja o mundo, onde não haja fronteiras. Eu vou-me embora pra Pasárgada de Bandeira, porque lá não há bandeiras.

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