segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Pais e Filho

“Meu filho vai ter nome de santo. Quero o nome mais bonito”. Meus pais não pensaram dessa forma.

Quase sempre fui indesejado. O acasalamento era apenas uma forma de prazer, eles não esperavam por mim. Porém, algum tempo depois, surge a notícia: havia, no útero de minha mãe, algo odioso; células se desenvolviam rapidamente; teriam um filho. Para minha mãe, um câncer. A “poareta” engordaria de maneira descontrolada (nunca mais entrou em forma).

Meu pai era indiferente. Já tinha inúmeras crias bastardas. Era o “pussyfucker” da universidade. Quando conheceu minha mãe, ele não teve dúvidas: queria chupar os gomos daquela LIMA; queria colocar a chave naquela PORTA. E foi o que ocorreu. Eram interfaces interagindo. Não temiam as consequências. Não se importavam com qualquer vírus que pudesse ser transmitido. O resultado é este que está a escrever.

Houve, todavia, um momento em que fui amado. Foi-lhes dito que uma mocinha viria. Minha mãe estava mais do que alegre. Era um Porto Alegrete. Eles me queriam. A Carolina nasceria.

O dia de dar a luz tinha finalmente chegado. Tudo era um conto de fadas. Meu pai, que era um exímio músico, fez uma canção para mim. Foi a primeira vez que ele compunha para um objetivo diferente de um “vuco-vuco”. O parto foi rápido. Minha mãe gritou apenas duas vezes: quando eu estava entalado entre suas pernas; e quando ela me viu. “Ele nasceu com um dedo a mais!” Foi isso o que o médico disse. O conto de fadas teve o seu final triste. Meu pai mudou a letra da música. Agora ela falava sobre fadas e varas de condão. Eu fui repudiado. Tinham de fazer algo contra esse pedaço errado de vida. Pensaram em cortar meu membro junto com o cordão umbilical. Entretanto, uma ideia diabólica estala na cabeça de minha mãe:

- Dar-lhe-emos o nome maldito (hoje é mal dito).

Havia tantos nomes. Poderiam me chamar de Kat..., Xerox ou Fotocópia. Não bastava. Nascia aí o Gabriel Eduardo.

Eu nunca vou me acostumar. Pouca gente me chama como deveria. As pessoas cujos nomes são de extremo bom gosto preferem dizer apenas “que merda”.

Preferiria ter sido amputado.

Ass: Gabriel Eduardo Porto Lima

Um comentário:

Anelise. disse...

Kat... AUHEUHAEHUAEH
Gabriel Eduardo Porto Lima
haehuaehuae